18º Domingo do Tempo Comum (Estudo Bíblico ano C)

Lucas 12,13-21

Introdução                                               

Já vimos, alguma vez, contenda numa família à hora de repartir a herança dos pais falecidos? A beleza do ideal familiar tem desmoronado ou tem se fortalecido com a ausência dos progenitores?

Antes de tudo situemo-nos.Os textos que lemos nos domingos anteriores, onde aprendemos o exercício do serviço com um coração cheio de misericórdia (O Bom Samaritano), da prioridade da escuta da Palavra sobre a ação (Marta e Maria) e da oração com um coração que sabe confiar na paternidade de Deus (O Pai Nosso), tem sérias consequencias para o estilo de vida de um discípulo de Jesus.

Que ocorre quando esta abertura a Deus e aos irmãos não se dá, quando os bens da terra, que poderiam servir de ajuda, acabam como obstáculo no transcender a si mesmo na doação generosa?      E como no caminho de subida a Jerusalém, avança-se para um novo tema do discipulado.  A respeito, hoje o evangelho responde com duas idéias fortes.

  1. O contexto

Comecemos refrescando o contexto: Quem estava escutando a Jesus e por que aparece aqui um novo tema? O auditório de Jesus está descrito no primeiro versículo do capítulo 12 de Lucas: “havendo se reunido milhões e milhões de pessoas, até pisarem-se uns aos outros.

Estamos ante um auditório imenso. Os discípulos aparecem em primeiro lugar. O ensino de Jesus se centra, desde o princípio, nos perigos que espreitam a vida do discípulo. Em seu justo comportamento ante o mundo, ele é espreitado tanto por perigos internos como externos que paralisam o seguimento:

  • a hipocrisia dos fariseus (ver 12,1b-3), que parece contagiosa e da qual tem que cuidar-se pois a real natureza de homem não pode permanecer escondida, mas que, com o tempo, se manifesta;
  • as perseguições (12,4-12), o temor a elas se supera com a confissão de Jesus diante de todo o mundo e sempre com confiança absoluta no Pai e com a ajuda do Espírito Santo.

Salta à vista o tema das posses e sua justa distribuição. É verdade que aquilo que um discípulo deve temer não é tanto a perda da vida terrena com suas vantagens, mas a perda definitiva da vida (os quais matam a “alma”; 12,4). Está expondo as consequências deste segundo perigo, quando de repente Jesus é interrompido (12,13) por uma pessoa que lhe fala dos bens materiais.

Então Jesus retoma imediatamente a palavra para dar passagerm à exposição do terceiro perigo: o apego às coisas terrenas, ou melhor, a avidez, a qual indica que a pesar de ter deixado todas as coisas para seguir ao Mestre (ver 5,11), ainda se tenha o coração posto em uma falsa segurança terrena e, portanto o “Reino” não seja ainda “seu tesouro inesgotável” (12,32-34).

É ai onde se compreende o porquê de uma parábola que põe em primeiro plano a relação entre o valor relativo dos bens materiais e o futuro da vida (que é o Reino como bem absoluto). Quem interrompe a Jesus é “um dentre a multidão” (12,13), um dentre estes milhares que estavam àquele dia com Ele.

A amplitude do auditório e o personagem incógnito dão a esta passagem um sabor diferente que convida a sair do círculo imediato da comunidade – para quem vale em primeiro lugar o ensinamento – para abrir o diálogo sobre um tema que é de interesse comum para todos e, a partir dai, falar do fundamental que toca a todo homem: o sentido da vida.

  • O texto

O evangelho de hoje – Lucas 12, 13-21 – divide-se em três partes:

  • A pergunta sobre uma rixa de dois irmãos por uma herança (12,13b-14);
  • O altíssimo ensino de Jesus (12,15-20)
  • A conclusão (12,21)
  •  A pergunta sobre uma rixa de dois irmãos por uma herança (12,13b-14)

Agora um caso da vida cotidiana. O personagem anônimo disse a Jesus: Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo (12,13b). Jesus é chamado “Mestre”. Seu interlocutor lhe pede que atue na qualidade de “rabino”, que aqui se entende como conhecedor das questões legais bíblicas.

Como tal, se lhe requer que intervenha em uma rixa familiar: “diz a meu irmão”, quer dizer, “manda, dá-lhe uma ordem”. O tom nos recorda o de Marta (“diz a minha irmã que me ajude”, 10,40), onde se apresentava como aparente vitima de uma injustiça da irmã. O interlocutor de Jesus vai ao assunto. No pedido já vai implícita a sentença: “… que reparta a herança comigo”. Como responde Jesus?

A resposta parece desconcertante (ver 12,14). Vejamos três elementos implicados nela:

  • Poderia tratar-se dum eco à frase dita a Moisés ao defender o israelita do egípcio agressor: “Quem te pôs de chefe e juiz entre nós?(Ex 2,14;ver At 7,27). Mas há muita diferença no contexto.
  • Trata-se duma pergunta cuja resposta está implícita: Ninguém o pôs de árbitro neste tipo de assunto.
  • Atendendo ao ponto anterior, implica que Jesus não tem interesse em classificar-se na categoria de um “rabbí”; assim, Jesus se situa ante ao problema da justiça a um nível mais profundo, a respeito ele tem uma missão mais importante a cumprir, que dar ditames para casos particulares.

Jesus, então, conduz, aborda o problema desde um novo nível que, ao mesmo tempo que descobre as intenções escondidas do irmão menor, permite vislumbrar qual é o valor do Reino que deve pôr-se em consideração ante este tipo de situações. O pronunciamento que Jesus vai fazer é de longo alcance.

  •  O altíssimo ensino de Jesus (12,15-21)

Jesus, que fez do caso do “fermento dos fariseus” (12,1b) o ponto de partida de um ensinamento, agora faz da “cobiça” do irmão menor, que reclama a herança, também o ponto de partida de um ensinamento que se desenvolve assim:

3.1. Um principio de vida: a vigilância do coração para purificar “a cobiça” (12,15)

Jesus não olha os acidentes externos, mas o coração (12,15). Jesus alerta contra a cobiça que detectou no pedido daquele homem. Em suas palavras distinguimos o que fazer e por que fazê-lo.

Que fazer?  Disse Jesus: “Olhai e guardai-vos de toda cobiça…” (12,15a)

  • A vigilância evangélica…

Os imperativos “Olhai e guardai-vos” convidam à vigilância e ao exame interior das atitudes, das motivações, da pureza de coração. Estes vão na mesma linha das primeiras pronunciadas neste capítulo: Guardai-vos do fermento dos fariseus… (12,1b; que retomam o chamado à pureza feito em 12,41: Dai em esmola o que tens, e assim todas as coisas serão puras para vós”).

Não é o cumprimento externo da norma o único que conta, mas a justiça (com os irmãos) e o amor a Deus” (12,42), quer dizer, a visão da vida, como chamado a sair de si mesmo em função do outro, que acompanha as ações.

  • O coração motivado por “todo tipo de cobiça”

Mas pode acontecer que por dentro não tenha mais que roubo e maldade (12,39). No texto de hoje Jesus fala de “cobiça”, que, como sabemos (ver Mc 7,22), habita o coração do homem. Jesus usa uma palavra forte. Refere-se expressamente a “todo tipo de cobiça”. A “cobiça” (em grego “pleonexía”: “pleon”= abundancia, “exo”=ter ou reter) pertence à realidade humana interna do “desejo de ter sempre mais”, é a “avidez”.

Por que fazê-lo?

Jesus nunca pede nada sem dar os argumentos para fazer. Por que vigiar e purificar o coração neste ponto concreto? Ele responde: “Porque, ainda na abundancia, a vida não está assegurada… (12,15b).

Ou, a vida de fato não depende da abundância do que se possui ou se torna “propriedade”. Há um perigo escondido e de terrível alcance no amarrar o coração às coisas. Quando isto acontece, as relações começam a basear-se nas “coisas” e se perde de vista o “outro” como valor fundamental, daí que seja, no fundo, uma negação de Deus, que é o “Outro” por excelência.

Pior ainda, se vemos que no “adquirir demasiado”, no fundo há uma injustiça social que contradiz o projeto fraterno e solidario querido por Deus, pois quem acumula está se apropriando daquilo que por direito pertence aos outros. Por isso a avareza é perigosa, leva a colocar, ingenuamente, os sonhos da vida, os melhores ideais, as grandes metas e toda a energia da vida, em coisas equivocadas, ignorando o que realmente importa.

Pensando alcançar grande êxito colhe, na realidade, grande fracasso. Quando Jesus especifica “ainda na abundancia”, vai mais fundo na questão. Pois é aqui onde se revela a verdadeira liberdade de coração. Para isso conta a parábola de um homem que chega a nadar na abundancia e faz da melhor ocasião de sua vida a areia movediça na qual se afunda.

3.2. A parábola do “rico insensato” ou “o mal planejador” (12,16-20)

Jesus não se limita a ilustrar o ensinamento que acaba de dar, mas entra na lógica de muita gente a quem a “abundância” de coisas mata o sentido de transcendência, indo até as últimas consequências para, daí, chamar à conversão. A parábola é construída a partir de um fato inesperado: os campos de certo homem deram muito fruto (12,16b); e do planejamento (nunca se disse que chegue a fazê-lo) que o proprietário faz. O panorama inicial é o de uma grande extensão de terreno bom.

Vejamos o “planejamento”.

A narração enfoca o proprietário que parece feliz ante essa imensidão. Sempre fala consigo mesmo: o faz três vezes (“e pensava…”, “e disse…ee direi a minha alma…”, 12,17.18.19) e cada vez mais fundo mergulhando no tempo (futuro), no espaço (cenários imaginários) e a terceira dimensão, a mais importante, sua própria “alma” (seu “eu” e “principio vital”). Em poucas palavras se descrevem tantos aspectos de uma vida, que capacidade narrativa a de Jesus!

  • Os critérios do mal planificador.

É obvio que o fazendeiro tem que fazer algo: “Que farei?”. Mas há um problema: Não tenho onde reunir minha colheita(12,17b). Neste ponto começa uma cadeia de “meu” que indicam seu sentido de posse: “minha colheita… meus celeiros… meu trigo… meus bens… minha alma.

Fala como dono absoluto e autônomo, não considera ninguém, não conhece o plural comunitário (fato que nos recorda os “meus” que sublinham a prepotência de Nabal, o rico do Carmelo, 1Sm 25,11). Mas, como se vê ao fim, o personagem pode dizer “minha alma”? É realmente dono de si mesmo e de seu futuro? Vã ironia!

A parábola temr um pouco de humor. O rico não pensa em ninguém, tudo gira em torno de seu “eu”. Sua primeira preocupação é não perder sua prosperidade excepcional nem o que já tinha. Atrás do “meu” se vê-se outra ironia, se bem que não pareça ter ganhado injustamente os bens (o contrario de Eclo 11,18), visto que a abundancia foi imprevista, mas tudo havia sido fruto de seu esforço.

Outro ponto que salta à vista é que este homem já era rico. Com isso se indica que já devia ter os problemas econômicos resolvidos. Dai que, em principio, quando lhe sobrevêm ainda mais, se espere outro tipo de raciocínio neste personagem, sua preocupação deveria ser outra.

Por tudo isso, o evangelho faz notar que o “fazer” do rico vai na direção oposta ao ensinamento de Jesus. Na sua “cobiça” para reunir e desfrutar a colheita se pode ver o isolamento a que ele mesmo se submete.

  • O procedimento do mal planificador. Vou a fazer isto…” (12,18a)

As ações premeditadas pelo rico aparecem enunciadas em uma serie de verbos importantes.

  • Primeiro, armazenar. O rico fala de demolir, edificar e reunir (12,19b). Estas ações asseguram a estabilidade da riqueza.
  • Logo há um momento de repouso no qual diz com jactancia: tens muitos bens em reserva para muitos anos (12,19a); tudo isso permite pôr fim a todos os esforços e considerar “assegurado” o resto de sua vida, pode então permitir-se um relax.
  • Depois: Desfrutar. Fala de “descansar”, “comer”, “beber” e “banquetear”. Vem a hora do gozo: o desfrutar os bens. Oferece-se o gozo da vida como auto-recompensa por todos seus esforços.

O último verbo, “banquetear”, nos remete, imediatamente, a um drama retratado neste evangelho lucano, que gosta muito de falar de banquetes; é o verbo que encontramos no cume da parábola do “Pai misericordioso” e que, geralmente, se traduz: celebremos uma festa (15,23; sinal de comunhão com a alegria do Pai), mas na parábola do “rico epulão” não é sinal de comunhão, mas de separação entre o rico que celebrava todos os dias esplêndidas festas (16,19) e o pobre, colocado ao nível dos cachorros, que desejava fartar-se do que caía da mesa do rico(16,21).

O ideal do rico desta parábola era viver à maneira do “rico epulão”, completamente ignorante de Deus e de todos os que lhe rodeavam. Quando anuncia o sonho de sua vida entra uma corrente de pensamento que existia na sociedade dos tempos do Novo Testamento e que tinha sua formulação popular no famoso epitáfio grego de Sardanápalus: “Come, bebe e goza”.

Esta é a lamentável ilusão do rico da parábola, semelhante ao típico modo de pensar da sociedade de consumo. Por trás desta frase há uma visão da vida que pressupõe que, visto que não há nada más além dela, é melhor desfrutar o tempo presente e, para isso, deve acumular a maior quantidade de recursos com os quais vai investir na felicidade.

Varias vezes a Bíblia convida a refletir a respeito:

  1. No Antigo Testamento chama a atenção uma das ironias do Kohélet: Eu por minha parte exalto a alegria, já que outra coisa boa não existe para o homem sob o sol, se não… (Eclo 8,15).
  2. No Novo, Paulo cita Is 22,13 quando encontra pessoas incapazes de apreciar a ressurreição, para quem a lógica de vida é: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos (1Cor 15,32; ver Tb 7,10). É às pessoas que vivem esta filosofia a quem se lhes dirige o “Ai” de Jesus: “Ai de vós, os ricos!, porque haveis recebido vosso consolo (6,24).
  • A inesperada intervenção de Deus (12,20)

Tudo até aqui poderia parecer lógico, mas algo havia ficado fora: Deus. No cenário tão árido da parábola, Ele entra, e se ouvem suas palavras: “Néscio! Esta mesma noite ser-te-á reclamada a alma; as coisas que preparaste, para quem serão? (12,20).

Deus entra em cena como um perturbador que põe ao chão, como um castelo de cartas que, de repente, cai. O fim de seu sonho é brusco. Seu monólogo é interrompido por uma palavra forte que vem de fora e convida a um real diálogo. Ante ele, este homem não se perguntará e responderá a si mesmo, terá que responder a outro.

O monólogo do rico se quebra com uma palavra que vem de fora e que o convida a um verdadeiro diálogo. Já não se perguntará e se responderá a si mesmo, mas que terá que responder a outro. As palavras de Deus então se ouvem com energia: “Néscio!”.

O homem que se acreditava muito inteligente pelo projeto de vida quase perfeito que armou para si, agora é apresentado como um “néscio” (ou seja, insensato, sem inteligência, estúpido). Assim também Jesus denominou aos fariseus pela falta de profundidade de sua experiência religiosa (ver 11,40).

Mas aqui o termo vai na linha da figura do homem curto de inteligência para viver, ou seja, inteligente para fazer dinheiro e bruto para viver, que descrevem os Salmos: Diz o insensato em seu coração: “Não há Deus!”. Corrompidos estão, de conduta abominável, não há quem faça o bem (Sl 14,1), O homem na opulência não compreende, a gado mudo se assemelha (Sl 49,21). O “néscio” é, portanto, em último análise, um louco, um homem sem bondade, nem sensibilidade para o essencial.

Que não entendeu o rico-néscio? Pois, que por muito que possua, não tem a posse de sua vida (como já se viu, ingenuamente havia dito “Alma minha”, como a maior na lista de suas propriedades) e que esta lhe será reclamada (“Esta mesma noite ser-te-á reclamado a alma; a vida provém de Deus e a Ele volta: Sb 15,8).

O mais importante no planejamento são as metas e o principio “norteador” de todo o plano, não é verdade? Tudo o mais, programas, atividades, recursos, etc., é orientado pelo primeiro.

Ironicamente o homem que veio à sua cabeça, na parábola, auto apresentando-se como um grande empresário, pensou em um longo futuro, mas não previu em seus cálculos a possibilidade de perder tudo repentinamente. Havia um fator que fugia a seu controle.

E vem então a crise: as coisas que preparaste, para quem serão? (12,20b). Fazem-se verdadeiras as palavras do Eclo 11,18-19: Diz: Já alcancei repouso, agora vou comer…”.

Sobre esta realidade já haviam orado os Sl 39,6-7 e 49,17-18, (entre outros), que vale a pena retomar hoje quando demos o passo à oração. “Para quem serão?”. Observe que, contrario à lógica do mal planejador, não se pergunta “para que?”, mas “para quem?”.

Tendo chegado a este ponto, nota-se que a sua falta de inteligência havia chegado a um nível muito grave: não só não obteve os recursos para um futuro sustentável, mas que, tampouco previu aonde iria parar sua fortuna; não havia pensado sequer em herdeiros!

Nem sua família teve em conta! (ver 12,13). De fato, este homem foi um irresponsáve,l não só com sua vida, mas com a dos outros.

  • A conclusão (12,21)

Jesus, ao acabar a parábola olha a todos e diz: Assim é o que entesoura riquezas para si, e não prospera em ordem a Deus(16,21). Uma frase para ser guardada na memória. Jesus faz a aplicação da parábola e completa o ensino do v.14. Ou seja: não só “não” há de ser cobiçoso “entesourar riquezas para si”, mas “sim”, “prosperar nos assuntos de Deus”. Aí estão os dois lados da moeda.

Há um matiz em cada um dos dois verbos da última frase que é importante para a compreensão da mesma.       O verbo “entesourar” (riquezas) alude a “acumulação” (para si), enquanto “enriquecer” tem sentido mais amplo e não está, necessariamente, relacionado com as coisas (como em Rm 10,12: Deus que é “rico para todos os que lhe invocam”, conotando atitude do coração: generosidade).

Por isso preferimos traduzir por “prosperar”, entendendo que se trata de crescer para Deus, a serviço de Deus, da maneira como Deus quer, atendendo aos valores do Reino, olhando a Deus como seu fim, como a plenitude de todo bem e de toda felicidade (ver os vv.33-34: o tesouro inesgotável no céu). O rico da parábola se preocupou pelo primeiro e descuidou do segundo: o que realmente importava.

O homem que não é rico na presença de Deus, não importa quão grandes sejam suas contas no Banco. Ou seja, ajuntar riquezas pode torná-lo pobre ante as coisas que, ao fim, contam. Portanto deve-se saber usar a cabeça: quem era hábil para sustentar a riqueza em celeiros poderia também ter assegurado um último tesouro para si mesmo, ou seja, uma vida “sustentável” para sempre.

A vida é doada e só Aquele que no-la deu nos sabe onde está seu sentido e de que modo alcança sua plenitude. Dai que quem faz planos para a vida – “projeto de vida” – pensando só em suas próprias necessidades e exigências materiais, colocando a Deus – e tudo o que Ele nos pede – por fora, já deu, desde o primeiro momento, o passo equivocado: será um morto em vida, feclado em seu egoísmo.

Um discípulo de Jesus:

  1. está chamado a ser feliz; ele também trabalha e constrói um futuro, vive intensamente a vida, mas seu pensamento e ação não se deixam levar pela mentalidade da sociedade de consumo, seu projeto de vida não se esgota nos limites do material e do desfrute da vida terrena.
  2. sabe onde colocou seu coração, trabalha por uma vida de qualidade para ele e para seus irmãos, e também descansa, ainda que sem cair em acomodações. Contudo, seu coração é profundamente livre e não se aferra às coisas, porque as motivações de seu coração são de longo alcance, já que só a vida que se orienta para o amor de Deus e do próximo é vida autêntica.
  3. Avalia-se constantemente, para não perder a liberdade que ganhou desde o primeiro dia de seguimento – quando deixou tudo por Jesus; ele sabe caminhar, sofrer e alegrar-se com os olhos postos ali onde tudo procede e aonde tudo volta… e vive, simplesmente, feliz.

E isto que vive o discípulo é um chamado para a humanidade inteira, em especial o mundo consumista com seu capitalismo neoliberal, até que entenda que a vida plena só consiste no compartilhar com amor, com o olhar agradecido ao Criador.

3. Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração

  1. Por que o coração de um seguidor de Jesus deve estar liberto de toda ambição?
  2. Em minha família tem se apresentado casos de divisão por causa dos bens que possuímos?

Que outros exemplos de problemas similares poderia pôr? Qual tem sido minha atitude?

  • Que me aconselha fazer Jesus no evangelho de hoje? Encontro em minha vida alguns

traços de cobiça? Quais?  Existe algo que não estaria disposto a compartilhar com ninguém?  

Como vou tratar de mudar de atitude?

  • Frequentemente, nos comparamos aos demais, não com o desejo de agir melhor, mas pensando

em não deixar-nos ganhar quanto a riquezas e posses? Que nos aconselha fazer Jesus?

  • Segundo a conclusão: A que está chamado um discípulo de Jesus?

Em meu caso concreto pessoal ou como membro de uma comunidade a que estou chamado?

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