DOMINGO DE RAMOS ANO B – Estudo Bíblico

SEGUINDO AO REI CRUCIFICADO ATÉ O FIM:

A extraordinária fidelidade do Mestre

“Se és Simão Cireneu,

toma a tua cruz,

e segue o Mestre”

(San Gregorio Nacianceno)

“Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único”

Deus todo poderoso e eterno, Tu quiseste que nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz para mostrar ao gênero humano o exemplo de uma vida submissa à tua vontade; concede-nos que os ensinamentos de sua paixão nos sirvam de testemunho e que um dia participemos em sua gloriosa ressurreição” (Oração do dia)

Introdução

Segundo o Evangelho de Marcos, que é o que lemos neste ano, Jesus veio a Jerusalém durante sua vida pública uma só vez e esta vez foi para morrer ali, como Ele mesmo havia anunciado: «Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que fosse a Jerusalém e sofresse muito por  parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia» (Mt 16,21).

Quando Jesus entrou em Jerusalém, na forma que descreve o Evangelho de Marcos, faltavam cinco dias para sua morte na cruz, que ocorreu no dia da Páscoa dos judeus. Todavia, não começaram a chegar todos os judeus que vinham à festa. De fato, nesse dia «entrou no Templo, em Jerusalém e, tendo observado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os Doze (Mc 11,11)».

Não encontrou, ainda, no Templo, o mercado que por ocasião da festa se formava ali. Porém, no da seguinte voltaram a fazer o caminho de Betânia a Jerusalém e desta vez, «entrando no Templo, Ele começou a expulsar os vendedores e os compradores que lá estavam; virou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas» (Mc 11,15). Cada dia, até a quinta à tarde, dia em que foi preso, Jesus passava o dia ensinando no Templo e voltava à tarde para Betânia, à casa de Lázaro e suas irmãs Marta e Maria.

A todo leitor chama a atenção que na primeira entrada de Jesus em Jerusalém, onde o havia precedido sua fama, adquira tanta importância à circunstância de entrar montado em um jumento. Não podia entrar de outra maneira, pois a respeito desse animal o próprio Jesus manda seus discípulos dizer: «O Senhor precisa dele» (Mc 11,3). Lemos todo o relato, e no Evangelho de Marcos não encontramos uma explicação. Temos que fazer uma interpretação.

É provável que a intenção de Jesus tenha sido fazer um sinal de sua identidade messiânica, quer dizer, do Filho de Davi a quem Deus havia prometido: «Farei permanecer a tua linhagem após, aquele que terá saído de tuas entranhas, e firmarei a sua realeza…» (2Sm 7,12). O jumento era a montaria real. Assim sugere o grito da multidão: “Bendito o reino que vem do nosso pai Davi!” (Mc 11,10). Se Jesus tivesse entrado caminhando simplesmente, como o fazia sempre, não se haveria entendido que Ele era esse Filho prometido a Davi.

Porém, o gesto deve ter sido motivo de discussão entre os cristãos, e logo se difundiu outra explicação: é a que encontramos nos outros três Evangelhos que são posteriores ao de Marcos. Mateus a formula de maneira mais clara: «Isto aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Dizei à filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti, modesto e montado em uma jumenta, em um jumentinho, filho de animal de carga”» (Mt 21,4). João, por sua parte, descreve bem a incompreensão dos discípulos nesse momento que é a mesma que se tinha quando Marcos escreveu seu Evangelho: “Jesus, encontrando um jumentinho, montou nele, como está escrito: ‘Não temas, filha de Sião; eis que vem o teu rei montado num jumentinho!’ Os discípulos, a princípio, não compreenderam isso; mas quando Jesus foi glorificado, lembraram-se de que essas coisas estavam escritas a seu respeito, e que tinham sido realizadas » (Jo 12,14-16)…

Este gesto de Jesus e todo seu mistério adquirem pleno sentido somente à luz de sua ressurreição e da efusão do Espírito Santo, segundo a promessa de Jesus: « Quando vier o Paráclito, que eu os enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim… Ele os guiará até a verdade completa » (Jo 15,26;16,13).

Devemos pedir nestes dias da Semana Santa que o Espírito conceda, também, a nós, compreender e viver, profundamente, os mistérios que nos deram a salvação.

            + Felipe Bacarreza Rodríguez, bispo de Santa María de Los Ángeles

  1. O Texto

Entramos gozosos com o rei triunfante a Jerusalém. Porém logo a liturgia nos convida a entrar no grande silêncio contemplativo da Paixão, ali onde verdadeiramente reina Jesus. Vejamos:

  1. Cinco traços essenciais do relato da Paixão segundo São Marcos (14-15):
  • O relato Paixão de Jesus segundo São Marcos começa com duas ceias: a de Betânia (14,3-9) e a da Páscoa (14,22-24). Na primeira, a unção – sinal de reconhecimento messiânico – Jesus a relaciona com sua morte e sepultura. Na ceia pascoal, também o próprio Jesus aceita, livremente, sua morte como sacrifício para nossa salvação.
  • São Marcos costura estas duas ceias com a notícia da conspiração por parte do Sinédrio e pelo suborno de Judas (14,1-2 e 10-11) e o anúncio da negação de Pedro (26-31). Vemos ai à sombra que envolve o gesto luminoso da entrega que Jesus faz de si mesmo: Jesus é o Messias da cruz, que morre por nossa salvação, apesar das rejeições, das traições e dos abandonos.
  • Com a prisão e o abandono por parte de todos os discípulos, que fogem apavorados, o discipulado entra em sua maior crise. O detalhe do jovem que foge nu parece simbolizar a atitude daqueles que até então seguem Jesus, porém sem compreender seu mistério.
  • A pergunta sobre a verdadeira identidade de Jesus (“Quem é este?”), que foi o fio condutor de todo o Evangelho, começa a ter, finalmente, uma resposta definitiva: a cruz dirá, verdadeiramente, quem é Ele. Durante o processo judicial, Jesus assume, publicamente, pela primeira vez, sua identidade de Filho de Deus. Mas, em contraposição aparece a decisão do Sinédrio e as negações de Pedro.
  • Com a crucifixão e morte de Jesus, o relato de São Marcos chega a seu momento cume: agora, sim, é possível reconhecer quem é Jesus, agora é possível a fé. Será o centurião romano o primeiro a reconhecer que o Crucificado é o Filho de Deus.

1. Cenas nas quais se vai desenrolando o relato da Paixão.

Ainda todas estejam estreitamente entrelaçadas, vale a pena vê-las também como pequenos quadros que nos convidam a contemplação de Jesus e tentar compreender o que significa: “Se alguém quer ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). O importante é captar a ideia central de cada cena.

(1)  A conspiração contra Jesus (14,1-2)

Ao final de sua atividade missionária, Jesus vai para Jerusalém e é esperado pelas autoridades judias: sacerdotes, anciãos, escribas, fariseus, saduceus, herodianos e romanos. Eles controlam a situação e não vão permitir que um carpinteiro do interior da Galileia, venha provocar distúrbios.

Eles já tinham decidido à morte de Jesus. Jesus já é um homem condenado. Agora, terá lugar o que ele próprio já havia predito aos seus discípulos (cf. Mc 8:31;9:31;10:33). Ironicamente, eles estão mais preocupados em imolar Jesus que o cordeiro pascal.

  •  A ceia em Betânia (14,3-9)

Os responsáveis do Templo, protagonistas da Paixão de Jesus, preparam a festa de Páscoa de maneira indiferente e contraditória.

Enquanto isso uma mulher gasta considerável valor para ungir Jesus e antecipar seu funeral, gesto que Jesus interpreta como antecipação de sua entronização messiânica. Naquele tempo, os que morriam crucificados não eram enterrados, nem podiam ser embalsamados. Sabendo isto, a mulher se antecipa e unge o corpo de Jesus antes de sua condenação e crucificação.

Esse gesto demonstra que ela aceita Jesus como o Messias Servo que irá morrer na cruz. Jesus entende o gesto da mulher e aprova-o. Anteriormente, Pedro tinha rejeitado a ideia de um Messias Crucificado (Mc 8,32). Essa mulher desconhecida é um modelo de discípula fiel, modelo para seus discípulos que não tinham entendido nada. É modelo para todos, “em todo o mundo” (Mc 14:9).

  • A traição de Judas (14,10-11)

Em total contraste com a mulher, Judas, um dos doze, decide trair Jesus e conspira com os inimigos que lhe prometem dinheiro. Depois disso, Judas continua ao lado de Jesus, com o único objetivo de encontrar uma oportunidade para entregá-lo.

  • Preparativos para a ceia pascal (14,12-16)

Jesus pede a seus discípulos que preparem uma sala para celebrarem a ceia da Páscoa. Porém, na realidade esta já está pronta. Jesus sente que sua «hora» se aproxima. Jesus sabe que vai ser traído, e traído por um amigo.

A cidade estava cheia de judeus de todas as partes do mundo, todos eufóricos, por causa da festa. Jesus também vive intensa experiência de gozo interior, porque aquela era a noite da Páscoa. Por isso, ordena que esta seja muito bem preparada. Deseja, ardentemente, comê-la com os seus discípulos, pois, nela o antigo memorial dará lugar ao novo: seu Corpo e seu Sangue como alimento e bebida, estabelecendo, perpetuamente, sua nova família: a Igreja. Por isso é que foi muito bem preparada.

A celebração da Páscoa dos judeus se dava em dois momentos: primeiro, o sacrifício de animais no Templo e, segundo, a ceia pascal nas casas, por famílias, aonde faziam memorial da libertação da escravidão do Egito e da Aliança do Sinai. Os judeus que vinham de fora tinham que alugar salas para poder reunir-se com suas famílias. Devido a grande procura, também era grande a exploração. O lugar escolhido por Jesus – o Cenáculo – era uma casa de excelente padrão e em local bem estratégico.

  • A ceia Pascal (14,17-25)

Anúncio da traição de Judas (14,17-21):

Durante a ceia, juntos pela última vez, Jesus anuncia que um dos seus vai traí-lo. Este modo de falar de Marcos sublinha o contraste. Para os judeus, comer juntos, partilhar da mesa, é a maior expressão de intimidade e confiança.

Instituição da Eucaristia (14,22-25)

Durante a ceia, Jesus realiza um gesto novo: distribui o pão e o vinho – expressão do dom de si – e convida seus amigos a tomar e a comer seu Corpo e seu Sangue. O evangelista coloca este gesto entre o anúncio da traição de Judas e o da fuga dos discípulos e negação de Pedro.

Assim, ele destaca o contraste entre o gesto de Jesus e de seus discípulos: a imensa gratuidade do amor de Jesus supera todo medo. Seu corpo e seu sangre substituirão o Cordeiro Pascal. A Páscoa toma novo sentido.

A Aliança entre Deus e os homens foi renovada e se estende a todos os homens. A ceia termina com um canto de ação de graças.

  • Predição da negação de Pedro (14,26-31)

A caminho do Getsêmani, Jesus parece mais lúcido que seus discípulos. Explica-os o sentido de sua morte, porém eles não são capazes de compreender as palavras pelo momento. Jesus prediz as negações de Pedro e a fuga dos outros dez.

Simão, chamado Cefas (pedra), é tudo, menos pedra. Isso, só mesmo pela graça de Deus. Ele já havia sido obstáculo e Satanás para Jesus e agora ele pretende ser o mais fiel dos discípulos: “Mesmo que todos se escandalizem, eu não!”. Mas Jesus diz: Pedro, você será o primeiro a negar-me, antes mesmo de madrugada!

  •  No Getsêmani (14,32-42)

Já no Getsêmani Jesus se distância de seus discípulos junto com Pedro, Tiago e João, para orar. O evangelista Marcos não revela o segredo de sua oração. Jesus fica completamente só, não consegue envolver seus discípulos na oração de abandono à vontade do Pai. Eles adormecem. Eles não são capazes de vigiar uma hora com ele.

Mais uma vez, vemos enorme contraste entre a atitude de Jesus e dos três discípulos! É aqui, no Jardim, no momento da agonia de Jesus que a coragem dos discípulos se acaba. Não fica nada!

  • A prisão de Jesus (14,43-52)

O grupo de discípulos que rodeia Jesus desde o começo do Evangelho se dispersa. A ceia está carregada de forte dramatismo: Judas o trai com um beijo; um dos discípulos usa sua espada; outro foge nu em meio à escuridão. As palavras da Escritura citadas durante a ceia se cumprem: “Ferido o Pastor dispersarão as ovelhas”.

Durante sua detenção, Jesus permanece calmo, senhor da situação. Trata de ler o significado do que está acontecendo: “Isto é para se cumprir as escrituras!” (Mc 14:49). Todos os discípulos o deixaram. Ninguém ficou. Jesus está só!

  • O juízo judeu: ante Caifás (14,53-65)

Jesus é conduzido ante o Tribunal do Sumo Sacerdote, dos anciãos e dos escribas, chamado também Sinédrio. Acusado por falsos testemunhos, Ele cala. Sem defesa, Ele é entregue na mão de seus inimigos. No processo judicial religioso, um grupo de falsos testemunhos desfila ante Jesus. Ele, assim, cumpre o que Isaías disse sobre o Servo Messias (Is 53,6-8).

Quando interrogado, Jesus aceita o fato de que Ele é o Messias: “Eu sou!”. Mas Ele o assume sob o título de Filho do Homem.  De sua parte, Jesus dá testemunho verdadeiro acerca de si mesmo: revela seu segredo messiânico. A nobreza de suas palavras e de seu comportamento se contrapõe à conduta indigna de alguns dos juízes e guardas.

  • Negações de Pedro (14,66-72)

Pedro é reconhecido pelos que estavam no jardim. Pedro nega. Ele nega e pragueja. Nem mesmo neste momento é capaz de aceitar Jesus como Messias Servo, que dá sua vida pelos outros. Mas quando o galo canta pela segunda vez, ele se lembra das palavras de Jesus e começa a chorar arrependido.

  • O juízo romano: ante Pilatos (15,1-15)

Ante Pilatos, a agitação dos chefes contrasta com a calma e o silêncio de Jesus. A multidão se põe contra Jesus. Pede-se a morte do justo e a libertação do culpado: Barrabás. A morte de Jesus é salvação do pecador. Mas Pilatos comete uma injustiça.

  • A coroação de espinhos

Uma ironia trágica caracteriza esta cena. Os soldados creem que estão zombando de Jesus. Não se dão conta que estão dizendo a verdade: Jesus, efetivamente, é o rei dos judeus e merece que se ajoelhem ante ele.

  •  O caminho da cruz (15,20c-22)

Como Jesus estava sendo levado para o local da crucificação, Simão de Cirene foi forçado a levar a Cruz. Simão é a figura do discípulo ideal que caminha ao longo do caminho que Jesus anda. Ele literalmente carrega a cruz atrás de Jesus até ao Calvário.

  •  A crucificação (15,23-39)

A inscrição na cruz, uma vez mais –sem que queiram os adversários- disse a verdade. O relato segue o ritmo das indicações horárias: às nove da manhã, ao meio dia, às três da tarde. A primeira parte é a crucifixão, onde se destaca o despojo das vestes de Jesus. Jesus rejeita a primeira bebida que lhe oferecem: um narcótico para adormecê-lo e aliviar as dores; Ele quer viver consciente as últimas horas.

  • Jesus é escarnecido e injuriado na cruz (15,29-32)

Escuta-se o grito desafiante: “Salva-te a ti mesmo!”. Três grupos de pessoas confrontam o crucificado para zombar de sua missão messiânica de salvação e seus títulos; pedem-lhe que baixe da cruz para poder crer nele. O mais trágico: inclusive seus companheiros de condenação o insultam.

  • A morte de Jesus (15,33-39)

Ao meio dia vem uma grande obscuridade que se prolonga ao menos por três horas, até a morte de Jesus. A terra será mais consciente que os humanos, ao cobrir o rosto ante o crime que se vai cometer? Uma profecia está no fundo. O cosmos anuncia que chegou a hora do fim: a intervenção decisiva de Deus na história. Em meio da obscuridade Jesus ora com o Salmo 22. Os presentes zombam de sua experiência de Deus deturpando as palavras do Salmo.

Abandonado por todos, Jesus dá um grande grito e morre. O centurião, um pagão que estava vigiando, faz uma solene profissão de fé. Um pagão descobre e aceita o que os discípulos não foram capazes de descobrir e aceitar, que é ver a presença do Filho de Deus neste torturado, excluído e crucificado. Como a mulher anônima e o Cirineu, agora aparece outro modelo de discípulo: o centurião, um pagão!

Ao morrer Jesus, um novo sinal interpretativo do sentido da cruz se manifesta: o véu do Templo se rasga. No corpo do crucificado Deus revelou sua presença definitiva no meio dos homens: um novo acesso a Deus é possível. O centurião romano professa a fé: “vendo a forma como morreu”. Curiosamente o que vê o centurião não é que Jesus se salve da Cruz, mas que morra nela com uma oração de confiança no Deus Pai. Diz: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. De forma paradoxal se realiza o que pedem os adversários: “que vejamos para que creiamos”.

  • As santas mulheres no Calvário (15,40-41)

Um grupo de mulheres assiste à distância: Maria Madalena, Maria, a mãe de Tiago, e Maria Salomé. Elas permanecem fiéis até o fim. Testemunham a morte de Jesus. Elas vão com José de Arimateia pedir para enterrar Jesus. Depois disso, duas delas ficam perto do sepulcro fechado. São também testemunhas da sepultura de Jesus.  É a partir deste pequeno grupo que o novo anúncio no Domingo de Páscoa virá. É a mais bela profissão de fé do Evangelho. As mulheres, imagem de fidelidade no discipulado, contemplam a cena de longe. Creram como o centurião.

  • O sepultamento (15,42-47)

Nem todos os responsáveis do povo judeu eram contrários a Jesus. Um deles vem a enterrá-lo. As mulheres se fazem de “testemunhas” da sepultura na expectativa de que sejam também depois da ressurreição.

Concluindo… Esta é a história da paixão, morte e ressurreição de Jesus visto do ponto de vista dos discípulos. A frequência com que esta história fala da incompreensão e fracasso dos discípulos, provavelmente corresponde a um fato histórico. Mas o principal interesse do evangelista não é para dizer o que ocorreu no passado, ele quer provocar uma transformação nos cristãos do seu tempo e para despertar em nós mesmos uma nova esperança, capaz de superar o desânimo e a morte.

  1. Releiamos agora o Evangelho com um Padre da Igreja

« Seremos participantes da Páscoa de forma mais clara do que se fazia na antiga Lei (…). Porém, um dia, quando o Verbo beber conosco o cálice novo do Reino do Pai, participaremos, mais perfeitamente e com visão mais clara, porque, então, o Verbo mostrará o que agora nos fez ver de forma menos plena. (…) Se fores Simão Cireneu, toma a cruz e segue o Mestre. Se, como o ladrão, estás pendurado na cruz, reconhece honestamente a Deus: se Ele, por ti e por teus pecados foi agora contado entre os ímpios, tu, por Ele, fazes-te justo. Adora àquele que por tua culpa foi pregado no madeiro; e se tu estás crucificado, tira vantagem de tua maldade, compra o céu com a morte, entra no Paraíso com Jesus, para entender de que altura caiu… Se fores José de Arimateia, pede o corpo a quem o crucificou; apropria-te deste corpo que expiou os pecados do mundo. Se fores Nicodemos, aquele admirador noturno de Deus unge-o com os unguentos fúnebres. Se fores à primeira Maria, ou a outra, ou Salomé, ou Joana, derrama lágrimas ao romper da aurora. Age de tal modo que possas ver o túmulo aberto ou, talvez, aos anjos ou inclusive ao próprio Jesus » (San Gregório Nacianceno)

  • Cultivemos a semente da Palavra no coração
  1. Que me tem chamado mais a atenção no comportamento dos doze apóstolos e na conduta das mulheres durante a paixão e morte de Jesus?
  • Que haveria feito tu se houvesse estado presente? Haveria atuado como os homens ou como as mulheres? O que é que te tem chamado mais a atenção no comportamento de Jesus com respeito aos discípulos na narração de sua paixão e morte? Por quê?
  • Qual é a mensagem especial da narração da paixão e morte no Evangelho de Marcos?
  •  Tens conseguido descobrir as diferenças entre a narração do Evangelho de Marcos e os outros Evangelhos? Quais?

Pe. Fidel Oñoro, cjm

Centro Bíblico del CELAM

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