Viver na essência e não na aparência (EFC)

 Lucas 11,37-41.

A PUREZA INTERIOR (I)
“purificais por fora o copo e o prato, enquanto por dentro estais cheios de roubo e maldade”

Depois do relato de Marta e Maria (Lc 10,38-42), na qual o evangelho nos educou no modo de acolher a Jesus Mestre peregrino (ver também 11,27-28), Lucas nos apresenta duas discussões de Jesus com aqueles que o recusam, de modo que compreendamos que é que “bloqueia” uma experiencia de fé e como se pode superar esta situação (ver 11,14-26 e 11,29-32).

Entramos no terceiro e último debate de Jesus com seus adversários. Estes estão claramente identificados: os fariseus e os legistas (=Mestres). Este discurso do Senhor tem como paralelo o discurso dos “sete ais” de Mateus 23, porém tem suas particularidades.

Jesus entra como hospede na casa de um fariseu. Já em outra ocasião, em 7,36-50, havia feito o mesmo. O fará uma vez mais em 14,1-6. Quando chega a esta casa, Jesus intencionalmente omite o lavar das mãos que prescrevia a Lei para o momento de sentar-se em uma refeição. Isto surpreende ao anfitrião: “ficou admirado vendo ter omitido as abluções antes de comer” (11,38)

Porém, vejamos antes por que é que termina tão mal. A observação maliciosa do anfitrião dá a Jesus

 o ponto de partida para um ensinamento contra os fariseus e os escribas. O fariseu se surpreende que Jesus não respeite os rituais de purificação na mesa, ao qual Jesus lhe responde denunciando a “pureza” camuflada, a falsa “justiça” que, na realidade, é hipocrisia.

A estas pessoas bem formadas nas Santas Escrituras, “letrados”, Jesus lhes demonstra como sua ciência obstaculiza seu conhecimento da vontade de Deus.

Jesus responde com três afirmações fortes:

  •  Com relação ao ritual:

“Vós… purificais por fora o copo e o prato, enquanto por dentro estais cheios de roubo e maldade” (11,39) – Todo o ritual que os fariseus fazem para ficar puros pode limpá-los externamente, porém não há limpado o mais importante: o coração.

Esse coração está cheio de “roubo e maldade”, quer dizer, de cobiça, de ambição, de egoísmo. Pode-se pensar também que o que enche os pratos durante esse banquete é o fruto de seu roubo.

  •  Com relação ao sentido da pureza:

“O que fez o exterior, não fez também o interior? (11,40) – O Deus criador fez o homem completo e a integridade do homem depende da coerência entre o interior e o exterior. Não há, então, nenhum motivo para diferenciar o exterior do interior, preocupar-se pelo primeiro e descuidando o segundo. Há que começar com a limpeza interior.

  • Com relação a como é que se purifica verdadeiramente o coração:

“Dai pois, em esmola o que tens, e assim todas as coisas serão puras para vós” (11,41) – Quando há amor expressado em generosidade, em solidariedade, em partilhar desinteressada, o coração se purifica de seu egoísmo, ambição e cobiça.

Esta é a obra de Jesus, que toca profundamente a vida de todo discípulo, e que havia se explicado já no Sermão da planície (6,27-38). A generosidade do coração, que leva alguém a viver – como o crucificado – em função dos demais, é o caminho da autêntica pureza interior, que é a que conta definitivamente.

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