ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: Com Jesus é festa!

Com Jesus é festa
Sem Jesus não da
Que alegria é essa,
É felicidade no ar. (trecho da música com Jesus é festa, Banda Dominus)

Lucas 5,33-39

 EM TORNO A JESUS: UMA COMUNIDADE COM CARACTERÍSTICAS NOVAS

“O vinho novo deve guardar-se em odres novos”

Uma vez que Simão Pedro e seus companheiros começam a seguir a Jesus, saem, bruscamente, de seu pequeno mundo do lago e da pesca cotidiana, tratando de responder por suas próprias vidas, para o mundo amplo e cruel da dor humana. No novo e amplo panorama do seguimento os discípulos são testemunhas de como Jesus faz homens novos.

1. A festa da misericórdia

Jesus e os discípulos passam do lago à cidade, onde encontram um leproso, o primeiro marginalizado. Este é reintegrado plenamente a sua comunidade (5,12-14). Logo esta ação se multiplica (5,15) e, apesar da intensidade do trabalho, Jesus nunca perde seus espaços de oração (5,16).

Mas a obra de Jesus vai mais fundo. Jesus reintegra o homem à comunhão com Deus e aos irmãos mediante o gesto do perdão, por isso a cura seguinte está unida ao perdão dos pecados (5,17-26). E isto alcança seu ponto alto quando ao chamar, à sua comunidade, o publicano Levi, Jesus declara abertamente: “Não vim chamar a conversão justos, mas pecadores” (5,32).

Observando este conjunto de passagens lucanas, entre 5,12 e 15,32, vemos como o Evangelho se converte em uma festa da misericórdia: a misericórdia com o leproso, com o paralítico perdoado, com Levi e seus companheiros pecadores. É a festa dos que o médico Jesus salvou, recuperando-os para a vida: este irmão teu estava morto, e voltou à vida; estava perdido, e foi encontrado (15,32).

2. A comunidade festiva vista por dentro

Jesus vai além: ao ir ao encontro “dos que estão maus” (5,31), o gesto de salvação é o ponto de partida de uma realidade duradoura: vai formando comunidade com eles. Esta comunidade é diferente, é que sempre está em festa e não encaixa nos parâmetros ascéticos de comunidades já conhecidas, como as de João Batista e os fariseus: “Os discípulos de João jejuam frequentemente e recitam orações, igual os dos fariseus, os teus comem e bebem (5,33)

A reação dos fariseus e escribas, que acabamos de citar, é muito significativa. Eles notam que em volta a Jesus surge uma comunidade com características novas. Jesus vai responder mostrando que o que está acontecendo é algo profundo: é o bom vinho da alegria do Evangelho que transforma tudo desde dentro. O tema em questão é o jejum que se supõe que os discípulos de Jesus também devem fazer nos dias prescritos como expressão da conversão. Do início ao fim, como acaba de dizer em 5,32, Jesus veio chamar a conversão os pecadores.

Prestemos atenção à maneira como Jesus responde a seus críticos. O faz com três imagens:

  • O comportamento dos convidados em um banquete de bodas (5,34-35). Jesus se proclama como o esposo messiânico que inaugura um tempo novo entre Deus e os homens; os discípulos são os convidados ao banquete das bodas. Com a presença de Jesus entre os pobres sofredores e marginalizados inicia o tempo festivo do gozo da salvação, da “alegria do céu” (15,10.32), sinal e realização da esperança transbordada de todos. Sem dúvida, os dias do jejum virão, serão os dias do sofrimento do Mestre. Vêm a seguir duas imagens que tinham por finalidade contrapor o antigo e o novo. O primeiro que se disse é que o antigo e o novo, em princípio, não podem ir juntos; unir um e o outro é arruinar ambos. Desta maneira, Jesus ensina que o apego às coisas e costumes velhos, pode ser algo prazenteiro, porém destrói o novo, o novo que irrompe no tempo a partir de Jesus. Porém, também há outra possibilidade de leitura que convidamos a explorar.
  • O absurdo de tentar remendar uma veste velha destroçando uma veste nova (5,36). A comparação poderia apontar também à idéia de não vir a perder os dois: o velho e o novo. Segundo isto, a novidade do Reino não implica rejeição das antigas tradições, mas, tampouco é válido aprisionar-se ao passado, é preciso dar novos passos, sem opor fastidiosas resistências, para o novo. O novo não se sacrifica pelo antigo (para dar gosto a quem está apegado ao antigo), é o antigo o que deve adaptar-se ao novo.
  • O absurdo de tentar depositar vinho novo em recipientes já utilizados (5,37-39). A imagem anterior poderia deixar uma ambiguidade a esclarecer com uma nova comparação. Estaria dizendo que tampouco tinha que sacrificar o novo desbaratando o antigo, que deve haver harmonia com a antiga tradição. Jesus termina dizendo: Ninguém, depois de beber o vinho velho, quer do novo, porque diz: o velho é o bom” (5,39). Esta frase, que é própria de Lucas, coloca o acento no que é “o melhor”. O novo não é necessariamente o melhor, como, tampouco, o velho. O que importa, em última instância, não é o recipiente que o contém, mas o vinho mesmo: o vinho velho antigo é melhor que o novo, isso ninguém duvida, mas este necessita de um recipiente novo, isto tampouco ninguém duvida. Assim é a Boa Nova do Reino.

Sob esta luz, Pedro e seus companheiros compreendem a profundidade de sua vocação para uma vida nova no seguimento de Jesus. A Palavra de Jesus vertida em seus corações gera atitudes novas frente às diversas realidades da vida: “novos” comportamentos, “novos” hábitos distintivos. De nada serve o Evangelho se a novidade não é total e profunda. É a nova ética do Reino de Deus.

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