ENQUANTO FAÇO O CAFÉ: “Senhor, dá-nos sempre deste pão” (Jo 6,34)
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O fato de ainda ter em mente o sinal dos pães, os leva a trazer da história da páscoa um de seus momentos mais deslumbrantes: o dom do maná no deserto, quando Deus alimentou milagrosamente o povo peregrino e o salvou de morrer de fome (Ex 16). Porém, o que tem em mente os interlocutores de Jesus trazendo o caso do “maná”? Está se pedindo que repita um milagre de belíssimas implicações:
- No maná temos um alimento comum (grão de coentro), mas também um chamado ao mistério. A palavra “maná” significa “Que é isto?” (Êx 16,15; da etimologia popular: man hu). Imagine-se comendo “Que é isto?” durante quarenta anos, todos os dias, sem falta, é só olhar atrás e concluir que foi uma grande experiência!;
- Trata-se de uma ação típica de Deus: sua origem é o próprio Deus providente. Esta compreensão se apóia em duas citações bíblicas que qualificam o maná como “o pão de Deus”: “Este é o pão que Yahweh vos dar por alimento” (Êx 16,15) e “lhes deu o trigo dos céus” (Sl 78,24);
- É sinal identificador do Messias, pois atua em sintonia com Deus para atender as expectativas vitais do povo; daí a crença que quando vier o Messias se repetiria o milagre do maná, como diz o Talmud: “Assim como foi o primeiro redentor, será o redentor final; como o primeiro fez que caísse maná do céu, assim o posterior redentor fará descer maná do céu”.
Portanto, os judeus estão interpelando a proposta de Jesus de que “creiam no enviado” desafiando-o para que produza “o pão de Deus”, “o pão do céu” (como se chama, a partir das referências citadas) e desta maneira justifique suas pretensões e lhes dê um apoio para depositar n’Ele sua fé, ao mesmo nível de sua fé em Yahweh “Senhor” e “Pai providente” do Povo que leva seu nome.
A resposta de Jesus: “É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu…” (6,32-33).Em sua resposta, com palavras bem precisas, Jesus lhes abre os horizontes da mente e o coração para poder ler a fundo a presença e a obra de Deus na pessoa d’Ele.