ESTUDO BÍBLICO NA 5ª SEMANA DA QUARESMA ANO C 2022
ESTUDO BÍBLICO NA 5ª SEMANA DA QUARESMA ANO C 2022
COMUNIDADE CATÓLICA PAZ E BEM
SEGUNDA-FEIRA
João 8,1-11
Jesus é abordado como Mestre que deve dar o veredicto. Os acusadores: Apresentam a Jesus o fato (v.4); Recordam-lhe a norma da Lei: “Moisés nos mandou na Lei apedrejar estas mulheres” (v.5ª, veja que se omite a referencia ao homem); Pedem-lhe o veredicto: “Tu que dizes?” (v.5b).
Jesus é colocado entre a cruz e a espada, em princípio não há alternativa senão associar-se à pratica de seus adversários e responder pedindo a pena de morte da mulher. Não fazendo daria suficientes motivos para ser acusado de agir contra a Lei de Deus.
- O problema de fundo
O evangelista nos diz que “isto diziam para tentá-lo, para ter do que acusá-lo” (v.6ª). Oportuna precisão que põe à luz a questão de fundo:
- Se Jesus aprova o comportamento de seus inimigos, também aceita sua posição contra os pecadores; em conseqüência, teria que por fim à sua pratica de misericórdia e aparecer ante o povo como um falso mestre;
- Porem, se Jesus não o faz, vai terminar desaprovando uma lei inequívoca ante o fato inequívoco e, igualmente daria motivos para ser acusado de falso mestre que afasta o povo da Lei de Deus e, em conseqüência, deveria ser eliminado do meio do povo.
A resposta de Jesus
Jesus responde com um gesto e uma frase:
- Um gesto silencioso: “Inclinando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra”(v.6b; também o v.8). Jesus não se precipita para dar o veredicto, dá-se um tempo. Talvez isto seja o mais importante visto que o faz duas vezes, marcando à única frase que pronuncia.
Sua primeira resposta é o silencio, um silêncio que convida todos à reflexão. Jesus se comporta como se estivesse completamente só, concentrado em seu jogo de fazer rabiscos na terra. Este gesto poderia ser interpretado como uma indicação da calma e a segurança que Jesus tem; uma maneira de cansar e irritar seus inimigos; um gesto simbólico.
Muitos exploraram a terceira possibilidade, uma das mais interessantes é a que vê ai a referencia de Jeremias 17,13: “Os que se apartam de ti, na terra serão escritos, por ter abandonado o manancial de águas vivas, Yahweh”.
Sendo assim, Jesus estaria recordando, a seus adversários, que são infiéis a Deus e merecem ser escritos no pó e extinguidos? De qualquer forma, eles perdem a paciência e pressionam a Jesus para que lhes dê uma resposta.
- Jesus se levanta e lhes diz a seguinte frase: “Aquele de vós que esteja sem pecado, que lhe atire a primeira pedra” (v.7). Por fim Jesus os leva em conta e se dirige diretamente a seus adversários citando de forma adaptada a norma de Dt 17,7. Com suas palavras, lhes faz cair em conta de um terceiro elemento que não tiveram em conta: eles apontaram o delito; confrontaram-o com a Lei, e tudo com arrogância e uma grande segurança em si mesmos; porém, não tiveram em conta seus próprios pecados. Eles não podem apresentar-se como se não tivessem nenhuma falta e, por isso, também necessitam da paciência, da misericórdia e do perdão de Deus.
Por que tanto afã (“insistiam em perguntar”) na condenação da mulher adúltera? Os escribas e fariseus querem tratar à mulher como um caso a mais, friamente, como se fosse um problema de aritmética. Jesus introduz uma nova consideração: a situação dos acusadores ante Deus. Os leva a examinar-se a si mesmos e como gostariam de ser tratados? Jesus abre um novo espaço de reflexão (v.8).
Enfim…
Tanto os acusadores como a mulher acusada experimentaram a misericórdia de Deus. Os acusadores compreenderam que quem costuma levantar o dedo para apontar o pecado de outros é uma pessoa que também necessita da misericórdia de Deus e que, por isso, não deviam agir com presunção e sem misericórdia com o próximo.
Por outra parte, a misericórdia de Jesus salvou a vida à mulher de duas maneiras: da pena de morte que lhe queriam aplicar seus violentos acusadores e também de arruinar o resto de sua vida, ao oferecer-lhe o perdão de Deus que dá força interna para não voltar a pecar.
Desta maneira se encerra o ciclo das catequeses-bíblicas quaresmais sobre Jesus o grande misericordioso que nos estende a mão nos itinerários de conversão que renovam o coração. As últimas e mais expressivas expressões de perdão as escutaremos dentro de uma semana, a partir da Cruz.
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TERÇA-FEIRA
João 8,21-30
Na Morte e Ressurreição de Jesus participamos da plenitude de Deus.
“Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então saberão que Eu sou”
Ao aproximar-se a Semana Santa, somos empurrados, cada vez mais, pela Palavra do Mestre, a tomar posição e optar radicalmente por Ele, comprometer-nos com Ele até a morte, para não correr o risco de “morrer em nosso pecado” (8,21) da indiferença, mediocridade e falta de compromisso verdadeiro.
No Evangelho de hoje, em que continuamos lendo o ensinamento de Jesus no Templo, vemos como começa a falar de sua próxima partida: “Eu me vou…” (8,21). Jesus não fala diretamente de sua morte, mas de seu desaparecimento no meio de nós, como para apressar-nos a comprometer-nos com Ele. O tempo da convivência terrena com o Mestre vai acabar.
1. A rejeição de Jesus leva à morte
Este texto não é propriamente um discurso, nem um diálogo propriamente dito, é mais uma confrontação de duas partes, que estão em níveis tão diferentes que parece quase impossível a compreensão. A contraposição “Eu–vocês”,coloca em evidência este distanciamento. A partida de Jesus tem graves consequências:“Eu me vou e vocês me buscarão e morrerão em seu pecado” (8,21).
Começa então a se escutar diversas interpretações. A primeira vez que falou de sua partida (ver 7,35), seus adversários pensaram que ia para fora do país; desta vez, pensam que vai suicidar-se (8,22a). A razão desta segunda interpretação é que acrescentou: “Aonde eu vou, vós não podeis ir” (8,22b).
Em ambos os casos trata-se de uma incompreensão radical. Esta incompreensão perdurará até que se reconheça e aceite a origem divina de Jesus. Porém, a origem e o destino de Jesus, estão envolto em mistério. Um mistério que requer contemplação e adoração.
2. Origem divina de Jesus
Jesus revela então sua origem divina usando uma linguagem que descreve espaços diametralmente opostos (de baixo, do alto): “Vocês são daqui de baixo, eu sou do alto. Vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo” (8,23). O “do alto” faz referência ao mundo próprio de Deus. A atitude de incredulidade ante Jesus exclui os judeus deste “mundo do alto”. Por isso, seguem pertencendo ao“mundo de baixo” onde vence a morte.
Jesus veio transformar esta situação. Sua vinda ao “mundo de baixo” é libertadora. No mundo de Deus se penetra mediante a fé em Jesus: “Eu lhes tenho dito que morrerão em seu pecado, porque se não crêem que Eu Sou morrerão em seu pecado” (8,24). O termo “morte” aqui soa forte. Porém, refere-se à realidade: morrerão em seu pecado de incredulidade, por sua intenção de matá-lo, pela dureza de seu coração.
Morrerão porque não crêem em Jesus, ao contrário os que creem viverão: “Tanto amou Deus ao mundo que entregou seu Filho, para que todo o que creia nele, tenha vida eterna”(V.16; ver 6,50; 8,51). A pergunta que os fariseus voltam a fazer a Jesus – “Quem és tu?” (8,25) -, ratifica uma vez mais sua incredulidade e sua falta de disposição para escutá-lo e acolhê-lo.
3. A Morte gloriosa de Jesus revela sua divindade
Ante a obstinação de seus adversários Jesus apela novamente ao testemunho do Pai, que é veraz (8,26). Porém, como seus ouvintes nem sequer entendem que Ele está falando do Pai, Jesus os remete a seu último sinal: sua morte gloriosa.
Disse Jesus: “Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então saberão que Eu sou, e que não faço nada por minha própria conta, mas o que o Pai me tem ensinado, isso é o que faço e falo”(8,28). Jesus está falando aqui de sua glorificação pela morte na cruz (ver 12,32).
Este é o ponto mais alto da auto-revelação de Jesus, que tem como pano de fundo a revelação de Deus a Moisés com o “Eu Sou” (ver Êx 3,14-15). Jesus está revelando o mistério de sua comunhão absoluta com Deus: Jesus é um com o Pai, vive uma relação única com Ele, sua existência é o Pai mesmo.
Jesus não faz nada por sua conta (8,28), depende totalmente da vontade do Pai. Por sua parte, o Pai está sempre com Ele, nunca o deixa, nem o deixará só, porque faz sempre o que agrada ao Pai (8,29).
Notemos o que acontece ao final: quando Jesus terminou de falar muitas pessoas creram n’Ele (8,30). Esta é a provocação que Jesus faz a seus ouvintes. Crer é entrar decididamente em seu Mistério para participar n’Ele da mesma plenitude de Deus.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
Jesus nos fala de sua origem divina usando duas expressões “de baixo”, “do alto”:
- Que quer dizer com elas?
- Minha relação, nossa relação com Jesus, conduz ao Pai?
- Como o constatamos?
QUARTA-FEIRA
João 8,31-42
Jesus alcançamos a verdadeira liberdade.
“Se, pois o Filho lhes dá liberdade, serão realmente livres”
Depois da revelação do “Eu sou”, que nos tem mostrado a união íntima de Jesus com o Pai, fazendo-nos descobrir n’Ele o Deus libertador (Êx 3,15), hoje se revela como o “Filho que nos dá a liberdade”.
Em outras palavras, o evangelho de hoje nos faz entrar decididamente na “filiação divina” de Jesus para que possamos ser verdadeiramente livres.
Observemos o texto. Está construído a partir de quatro frases que chamamos condicionais (do tipo: “se tal coisa… então tal outra”). As duas primeiras partem de uma afirmação que convida a fazer ou a deixar de fazer algo; se esta é aceita a consequência é a realização de uma promessa.
“Se, se mantém fieis a minha Palavra (então) serão meus discípulos, conhecerão a verdade e a verdade os fará livres” (8,31), e “Se o Filho lhes dá a liberdade, (então) serão realmente livres” (8,36). Aqui se conectam estreitamente duas realidades: “ser discípulos” e “ser livres”.
Nas outras duas há uma urgência de Jesus para que os judeus assumam as consequências do ser descendentes de Abraão e filhos de Deus: “Se são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão”(8,39), e “Se Deus fosse seu Pai, me amariam”(8,42).
A conexão entre as duas primeiras afirmações e as outras está na palavra “Filho”. O discípulo vive a liberdade do Filho. Os israelitas vivem a filiação de Abraão, porém em última instância seu verdadeiro Pai é Deus, aquele a quem Abraão sempre se remeteu. Daqui se derivam novas conexões e consequências. Aprofundemos em alguns aspectos significativos da passagem.
1. Permanecer na Palavra para ser discípulos
Para ser discípulo de Jesus não basta só segui-lo (v.12) e confiar nele (v.31). É preciso “Permanecer em sua Palavra” (v.31), quer dizer, deixar-se habitar por ela, acolhê-la, assimilá-la, viver da Palavra, reconhecendo que por meio da Palavra assimilamos o “Verbo”: Deus conosco e em nós.
Neste discipulado podemos chegar ao conhecimento da “Verdade” (v.32), quer dizer, da íntima natureza e da fidelidade do Pai e do Filho. O Filho, que vive em uma relação íntima com o Pai, é a “Verdade” personificada (ver 1,14; 14,6).
2. O pecado nos faz escravos
Os judeus se rebelam ante a proposta de liberdade que Jesus lhes faz porque, sendo filhos de Abraão, se consideram já um povo livre. Deus já os libertou da escravidão para que o servissem em liberdade, por isso, ainda que estejam sob dominação romana, sustentam que não são escravos de ninguém.
Porém Jesus está falando de uma liberdade mais profunda: “Todo o que comete pecado é um escravo” (8,34). Quem se faz escravo do pecado já não é filho, não goza da liberdade própria do Filho.
O Filho é o que está em relação íntima com Deus e, assim, permanece na família divina. O escravo não fica em casa para sempre (v.35), pois o pecado o afasta do amor e da família do Pai (como bem ilustra Lucas na parábola do Pai misericordioso: Lc 15,11-16).
O pecado de que Jesus fala aqui é a rejeição à sua Palavra. Rejeitar Jesus é rejeitar a luz (3,19), rejeitar o amor de Deus revelado em Jesus.
3. Ser realmente filhos livres
É no Filho que chegamos a ser realmente livres (ver 8,36). A liberdade para Jesus se vive no interior de uma relação viva com Deus, como fruto da verdade plenamente acolhida, e está intimamente relacionada com a filiação: “Se o Filho lhes dá a liberdade, serão verdadeiramente livres” (v.36).
A Palavra de Deus ao longo de toda esta quaresma segue progressivamente realizando nosso processo de libertação interior, verdadeiro caminho pascal, atraindo-nos cada vez com maior força para viver como filhos de Deus, deixando-nos conformar com os sentimentos e atitudes do Filho enviado do Pai.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Por que o fato de sermos discípulos de Jesus nos dá liberdade?
- Que quer dizer permanecer na Palavra? Como vivo em minha família, comunidade ou grupo?
- Em que faço consistir em minha vida, de cada dia, o fato de ser e sentir-me filho/a de Deus?
QUINTA-FEIRA
João 8,51-59
CHAMADOS À VIDA EM ABUNDÂNCIA
“Se alguém guarda minha Palavra, jamais verá a morte”
No Evangelho de ontem fomos convidados a “sermos discípulos” e a “sermos livres” mediante a permanência na Palavra do Filho. Este Filho, a verdade mesma, nos libera da escravidão do pecado e nos faz filhos do Pai.
Neste clima de filiação e discipulado vamos aproximando-nos da Páscoa com viva consciência de que na medida em que acolhemos o mistério de Jesus, sua morte e sua ressurreição, somos conduzidos para a plena liberdade.
Sigamos lendo a última parte do capítulo 8 do evangelho de João, no qual encontramos novas revelações de Jesus, revelações que – como vemos na anotação final do evangelista – provocam uma forte rejeição por parte do auditório: “Então tomaram pedras para atirar nele” (8,59).
1. Quem crê em Jesus tem a Vida
A primeira afirmação é contundente: “Asseguro-lhes: se alguém guarda minha Palavra, não verá a morte jamais” (v.51).
Anteriormente, Jesus havia afirmado que, quem se mantém em sua Palavra, se converte em discípulo, agora, já muito mais além, afirma: o que permanece em sua Palavra não verá jamais a morte. E esta promessa está respaldada por seu comportamento: Jesus mesmo “guarda a Palavra” do Pai (v.55).
Jesus disse a seus discípulos que não verão a morte, ou seja, quem crer n’Ele terá a vida. Assim prometeu à Samaritana (4,14), aos judeus de Jerusalém (5,24), a todo o que crer n’Ele (6,40). Nesta passagem a promessa da vida implica que “não verá a morte”.
Diante de semelhante afirmação aparece, novamente, à incompreensão de seus ouvintes, que por ser de “baixo”, interpretam suas palavras em sentido literal e não no sentido pleno que Jesus lhe dá (ver 11,25). Por isso o acusam de estar endemoninhado (8,52). Seu anúncio de submissão à morte é tão grande, que o coloca acima de Abraão e dos profetas. Assim, nos fazem ver claramente as objeções de seus ouvintes (8,52-53).
2. O Pai glorifica a Jesus fazendo-lhe realizar suas próprias obras
Jesus, como costumava fazer, quase sempre, não responde às objeções de seus adversários, explicando o significado de suas palavras, mas apelando a sua relação única com o Pai, onde está o verdadeiro fundamento de suas afirmações. Jesus os convida a avançar na reflexão: “Se eu glorificasse a mim mesmo, minha glória não valeria nada; é meu Pai quem me glorifica…” (8,54).
Em outra ocasião Jesus afirmou que Ele não buscava sua glória, se bem há quem a busca (8,50). É o Pai quem o glorifica nas obras que realiza, e o glorificará plenamente quando for levantado no alto (ver 13,31;12,28). A relação que Jesus mantém com o Pai está dinamizada pela obediência: “Porém eu lhe conheço e guardo sua Palavra”(8,55).
O cumprimento da Palavra tem como ponto de partida o conhecimento: Jesus conhece o Pai, tem experiência direta com Ele, está no Pai e o Pai está n’Ele. Nos discursos de revelação que temos lido nestes dias, Jesus o tem expressado de vários modos: “o que vejo fazer o Pai”, “o que o Pai me mostra” (5,19-20). Este conhecimento que tem do Pai é pleno e é o Pai quem o faz falar e agir: O que Jesus busca, é que o Pai seja reconhecido em suas obras.
3. Quem conhece a Jesus, conhece a Deus
Para concluir, Jesus pronuncia a palavra mais forte e decisiva sobre si mesmo: “Em verdade, em verdade lhes digo antes que nascesse Abraão, Eu sou” (v.58). Esta expressão é uma clara afirmação da preexistência de Jesus explicitada por João no prólogo (1,15).
Antes havia dito que não era deste mundo (v.23), que todas as escrituras falavam d’Ele (5,39), porém aqui se coloca acima do tempo e fora dele: “antes que nascesse Abraão, Eu sou” (v.58). Contudo, o que Jesus nos tem revelado até agora, podemos compreender como uma afirmação de sua divindade, baseada na comunhão absoluta que vive com Deus Pai.
A Pessoa de Jesusé um mistério de comunhão com o Pai. Esta comunhão é tão radical, tão íntima e tão absoluta que podemos concluir afirmando que Jesus é Deus. Sua transparência é tão grande, que, quem conhece Jesus, conhece ao Pai.
Podemos crer nele, porque nos transmite, unicamente, o que ouviu e viu no Pai. O “Eu sou”, proclama fortemente a sua relação de Filho com Deus. A experiência de Jesus é a de uma relação perfeita e absoluta com o Pai, uma mútua imanência. Jesus é plenamente consciente de sua condição de Filho. Na medida em que nós, seus discípulos, estando em Jesus, e vivendo uma relação filial com o Pai, participamos de seu mistério.
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Por que podemos afirmar que quem crer em Jesus não morre jamais?
- Nesta quaresma que está terminando que momento eu tenho dedicado para confrontar minha vida com a Palavra de Deus? Que proveito tenho tirado dela?
- Podemos ir formulando como família um compromisso concreto relativo à leitura e aprofundamento, se possível diária ou ao menos semanal, da Palavra de Deus?
SEXTA-FEIRA
João 10,31-42
Jesus nos convida a que creiamos n’Ele para dar-nos a vida.
“Creiam pelas obras e assim saberão e conhecerão que o Pai está em mim e Eu no Pai”
O Evangelho de São João, que tem nos acompanhado nestas últimas duas semanas de quaresma, nos faz participar de algum modo, na paixão interior de Jesus.
Na medida em que Jesus avança na revelação de seu mistério – sua origem, sua missão, sua relação, única e absoluta com o Pai – cresce, também, a incompreensão, a oposição, a rejeição e a ameaça de morte, pois Jesus Cristo se apresenta como o enviado, o Filho de Deus, e os judeus o consideram blasfemo e tentam matá-lo.
No texto de hoje, enquanto os adversários pegam pedras para atirar-lhe (10,31), Jesus lhes disse: “Tenho lhes mostrado muitas boas obras que vêm do Pai, por qual delas querem apedrejar-me?” (10,34). Eles respondem encarando-lhe a suposta blasfêmia: “Tu sendo homem, fazes a ti mesmo de Deus” (10,33).
1. Jesus é um com o Pai
Jesus se defende dos ataques dos judeus fazendo referência à Escritura que eles conhecem muito bem: “Não está escrito em sua lei: Eu disse: sois deuses? (10,34; Sl 82,6). Se, segundo a Escritura, a divindade pode ser atribuída a quem escuta a Palavra de Deus, quanto mais àquele que é a própria Palavra de Deus.
2. Jesus é realmente o Filho de Deus
Com esta alusão à Escritura, Jesus introduz sua última afirmação sobre sua condição absoluta de Filho de Deus: “Como dizem vocês que aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo blasfema por ter dito: Eu sou Filho de Deus?” (8,36).
Jesus mantém firme sua posição. Realmente é o Filho de Deus, o Pai o consagrou para realizar sua obra, sobre Ele repousa o Espírito de Deus (ver 6,27; também em Lc 4,18). O Pai o elegeu e o enviou para devolver ao mundo a luz e a vida que habitam n’Ele.
3. Nas obras de Jesus reconhecemos o Filho do Pai
Jesus realizou as obras de Deus. A vida que devolveu ao filho do funcionário real (cf. 4,50), a cura do enfermo da piscina (cf. 5,8-10) e do cego de nascimento (cf. 9,6-5), demonstram que Ele é o Filho, e o enviado de Deus ao mundo (cf. 5,36).
Todos o têm visto e podem constatá-lo. Talvez possam rejeitar suas palavras, porém não podem negar suas obras. Elas, por si mesmas, seguem gritando que Jesus é o Filho, o caminho que leva ao verdadeiro conhecimento de Deus.
4. Jesus nos suplica que creiamos n’Ele para dar-nos a vida
Por isso Jesus, lhes replica com força: “Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim, porém se as faço, creiam pelas obras”(10,37-38). O que Jesus suplica, no fundo, é a fé em sua profunda unidade com o Pai.
Só um olhar de fé pode levar-nos a descobrir nas obras de Jesus sua relação no Pai: “O Pai está em mim e eu estou n’Ele”. Toda esta auto revelação de Jesus quer levar-nos a esta certeza de fé:o Pai e Jesus estão um no outro (ver 14,10-11; 17,21).
Nosso itinerário quaresmal está quase no final. Na escuta do Mestre temos aprendido a viver como pessoas novas, como filhos de Deus e como irmãos.Temos, também, aprendido, contemplando a Jesus, que a força de Deus e o poder de seu Espírito são mais fortes que todas as dificuldades, perseguições e sofrimentos. “Não tenham medo, eu venci ao mundo”, nos dirá mais adiante (16,33).
O memorial da Páscoa, que nos dispomos a viver, confirma nosso itinerário de conversão, e nos reveste da vida nova do Filho de Deus, que“nos amou e se entregou por nós” (ver Gl 2,20).
Cultivemos a semente da Palavra no profundo do coração
- Por que podemos afirmar que a mão de Deus Pai se reconhece nas obras de Jesus?
- Que ação particular de Deus encontro em minha vida, que tenha se tornado proclamação aos demais de sua obra salvadora?
- Que gesto concreto de solidariedade temos feito nesta quaresma, como família, como comunidade, que revele o agir de Deus?
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Autor: Padre Fidel Oñoro, CJM